A justa demissão que Enrique Shaw fez

Crédito: feito com IA do bing.

“Ocorreu em uma ocasião que um colaborador se dispôs a limpar umas engrenagens e utilizou para isso um balde de querosene com um pincel curto. Como o chamaram da Gerência, deixou o balde e o pincel a um metro de distância de um maçarico que uma operária usava para marcar tubos de vidro.

A operária era uma mulher de uns quarenta e cinco anos de idade, de caráter amargo e ressentido, que detestava esse colega. Por isso, quando este deixou seus utensílios de limpeza da engrenagem onde ela estava trabalhando com um maçarico, denunciou-o à Polícia que, ao fazer tal coisa, a intenção do colega seria de assassiná-la mediante a explosão do maçarico.

Sua denúncia foi aceita, e a Comissão Gremial Interna Operária decidiu que o homem fosse encarcerado em uma cela da Comissão e processado por tentativa de homicídio. Da mesma forma, essa Comissão exigiu sua expulsão da Cristaleira. Sabendo disso, Enrique que conhecia bem o colaborador, que era excelente e incapaz de cometer tal delito, interveio imediatamente ante o Comissário de Polícia e o Juiz de Instrução, e conseguiu que o pusessem em liberdade e o dispensassem de seu injusto processo. Mas não se contentou com isso: Expulsou da fábrica a operária caluniadora.

A representação sindical se opôs a essa dispensa e teve várias entrevistas com Enrique a fim de ameaçá-lo se assim o fizesse. Mas ele, inflexivelmente, sabendo que trabalhava com justiça, manteve sua decisão e, por sua vez, ameaçou a representação sindical em fechar a Cristaleira por tempo indeterminado se insistissem que essa operária voltasse a ser admitida.

E sua firmeza em favor da justiça triunfou amplamente: o homem caluniado seguiu trabalhando na fábrica, e a operária caluniadora foi demitida.

Como nessa ocasião, em muitas outras demonstrou Enrique que sua maior preocupação não era proteger indiscriminadamente os operários, mas buscar que se procedesse com justiça nas relações laborais e tratava de que seu código de ética profissional fosse seguido tanto pelos superiores como pelos operários.”

Este caso está no livro Venerável Enrique Shaw e suas circunstâncias